Entre o signo e o sentido, o nascimento de uma linguagem interpretativa da presença
Introdução
Dizer EIKÓNVERSE é, desde o início, acionar uma engrenagem simbólica de grande profundidade. Trata-se de uma palavra criada, mas não aleatória. Ela nasce da fusão intencional de dois vetores de sentido: eikón, oriundo do grego antigo, e verse, da raiz latina ligada ao movimento e à poesia. A combinação entre esses dois termos revela um campo semântico de altíssima potência: a presença como imagem interpretável em constante movimento, que se diz, se desdiz, se reinterpreta — não como quem performa, mas como quem se revela. Este post é um convite à decodificação semântica dessa palavra-manifesto que sustenta todo o ethos da proposta EIKÓNVERSE.
Eikón: da imagem à presença interpretada
O termo εἰκών (eikón), em grego antigo, significa imagem. Mas não qualquer imagem — eikón refere-se a uma imagem que participa do arquétipo, que representa algo para além de sua materialidade. Na filosofia platônica, por exemplo, eikón é a cópia visível de uma ideia invisível; é representação, espelhamento, símbolo. Contudo, na proposta EIKÓNVERSE, o termo não é usado apenas em sua acepção clássica. Aqui, ele ganha uma densidade existencial: eikón não é só aquilo que se vê, mas o que se interpreta ao ver. É a imagem como presença simbólica, como expressão hermenêutica da interioridade em sua interação com o mundo.
Verse: o mover poético da presença
A raiz latina versus remete ao ato de voltar, girar, mover-se — de onde surgem palavras como versar, universo, converter, reverso. Na tradição poética, verse designa a linha de um poema, indicando ritmo, medida, intenção estética. Ao compor com eikón, o termo ganha uma força dinâmica: a imagem que se move, a presença que se versifica, o gesto que se transforma em narrativa. Em EIKÓNVERSE, verse é também uma afirmação de fluidez, de deslocamento simbólico, de reinvenção contínua da identidade. Versar é transformar o ser em linguagem, e a linguagem em gesto.
Eikónverse: entre o símbolo e o verbo — o con-versar interpretativo
Ao unir eikón e verse, não se forma apenas uma nova palavra: forma-se um campo ontológico de leitura da presença humana. Mas há mais. A fusão sonora gera um efeito semântico colateral poderoso: eikónverse remete à sonoridade de “converse”, do inglês — e também, foneticamente, à estrutura “com-versar” em português. E isso não é acidental. A proposta da EIKÓNVERSE é radicalmente dialógica. Ela não impõe um modelo de imagem; ela con-versa com a imagem presente, sugerindo movimentos de interpretação e expressão simbólica. A palavra “con-versar” aqui ganha sua forma plena: voltar-se ao outro e a si mesmo em movimento hermenêutico.
Eikónverse, assim, é um ato de escuta e criação. É a arte de interpretar-se como presença poética no mundo.
Conclusão
EIKÓNVERSE não é um nome: é um conceito em estado de verbo. Ele carrega em si o peso da imagem (eikón) e a leveza do verso (verse). Ele propõe um modo de estar no mundo em que a presença não é fixada, mas interpretada; em que o gesto não é automático, mas simbólico; em que a imagem não é aparência, mas epifania do ser. Ao con-versar com o mundo, o consulente da EIKÓNVERSE não apenas comunica — ele revela-se. E ao fazê-lo, inaugura um caminho único: o de tornar-se verso da própria imagem, poema da própria presença.