Introdução
Entre tantas palavras que frequentam o discurso cotidiano, poucas carregam em si a densidade simbólica e a espessura ontológica da palavra “presença”. No escopo da EIKÓNVERSE, presença não é mera localização física ou aparência perceptível. Ela é fenômeno de manifestação interpretativa, imagem que se oferece como enigma, uma poética encarnada no gesto, na escolha, no modo de estar no mundo. Este primeiro ensaio da seção Filologia Simbólica propõe-se a desdobrar a palavra “presença” em sua etimologia, em sua reverberação filosófica e em sua força simbólica para os processos de persoalização que orientam a nossa consultoria.
Etimologia: estar à frente, adiante dos olhos
A palavra “presença” deriva do latim praesentia, substantivo de praesens, que indica aquilo que está “à frente”, “imediatamente diante”, “em face”. A raiz prae- (antes, à frente) e esse (ser, estar) compõem uma unidade que sugere: o que é presença é o que se mostra, o que se dá antes de ser perguntado. Na filologia clássica, presença não é passividade: ela é um vir-a-ser manifesto. Neste sentido, presença é anterior à palavra — é condição para o dizer.
Presença como ato simbólico de manifestação do sujeito
A partir dessa origem, compreendemos que presença não é uma essência imóvel, mas um ato contínuo: ser diante. No universo EIKÓNVERSE, a presença se constrói como imagem interpretada, não como reflexo, mas como sinal. Cada gesto, escolha, pausa, cada forma de se apresentar ao outro é um capítulo dessa presença em movimento. Trata-se de uma construção simbólica, onde o corpo, a linguagem, o tempo e os silêncios operam como gramática estética do existir.
Presença como um campo narrativo: não se está, se versa
Presença, na lógica eikonversiana, não é um estado, mas uma narrativa. Não se “tem” presença, mas se “versa a presença”. Isto significa que cada ato da vida, sobretudo na esfera pública, é uma expressão do ethos pessoal. A presença interpretada se inscreve no tempo como narrativa em fluxo, com capítulos, tensões e revelações. Nesse sentido, o agir e o não agir, o dizer e o calar, fazem parte da performance simbólica de quem se presencia.
Conclusão
“Presença” é, portanto, uma palavra que se demora. Ela exige silêncio para ser percebida, pausa para ser notada, densidade para ser vivida. Na EIKÓNVERSE, presença é o espaço onde o sujeito se interpreta e se oferece ao mundo como signo vivo. A consultoria é o palco dessa interpretação contínua, onde a imagem não se reduz a estética, mas se eleva à condição de narrativa simbólica de si. Ser presença é ser eikón em movimento.
Se desejar, posso seguir com o próximo termo da Filologia Simbólica — ou prefere escolher o próximo vocábulo que será versado?